Com ou sem açúcar?

Esta cena é tão comum que já virou clichê entre apreciadores de café. Adicionar açúcar em seu espresso pode ser considerado um crime hediondo para os amantes e produtores de grãos especiais,

Faça você mesmo o teste. Ao tomar um café especial com alguém mais ‘’entendido’’ do assunto, adicione um pouco de açúcar e aguarde a reação. Esta provavelmente será triste e dolorosa, com ares de decepção seguida de um discurso quase pronto dizendo que você está estragando o café, cometendo um crime hediondo com esta planta tão sagrada cultivada em terras especiais em grandes altitudes e cultuada no mundo todo

Essa opinião comum surge com um propósito interessante: A vontade das pessoas que trabalham com café de mostrar para os consumidores que o açúcar geralmente é usado para mascarar defeitos e problemas na bebida.

E realmente os cafés de qualidade tem um amargor mínimo ou ausente que dispensariam o uso de disfarces no sabor.

O problema é que, com a intenção de educar novos consumidores, os profissionais cometem um erro simples. Desconsiderar que a necessidade de doçura de cada pessoa é diferente e que muitas pessoas tem baixa tolerância a níveis mínimos de amargor e acidez. E ao considerar que todas as pessoas possuem os mesmos níveis de doçura no paladar é um equívoco que pode afastar este consumidor dos cafés especiais.

Outro fator importante é a força do hábito de consumo. O mercado nacional se habituou com cafés amargos e extra torrados. Provar um café de alta qualidade é uma experiência que inevitavelmente causará certo estranhamento, seja ele bom ou ruim. Minimizar as possibilidades de estranhamento com a adição de café pelo consumidor que está acostumado a isso é peça importante para que ela consiga comparar um café especial com os cafés consumidos no dia-a-dia.

Vale lembrar que o que realmente importa ao consumir um café especial é o prazer e a experiência agradável que essa bebida pode proporcionar. Deixar de adoçar suas xícaras deve ser um processo natural, sem traumas e no tempo de cada um.